É oficial: estou uma chata! Mas gostaria de adiantar que não é culpa minha!
Deixa eu explicar melhor: sempre valorizei a leveza, o bom humor, o olhar no lado bom das coisas, a alegria, o olhar com brilho, o sorriso sincero e do coração, a descontração, a paixão...
Sempre admirei essas coisas, sempre fui essas coisas...
Nunca gostei de gente séria demais (a não ser uma época da faculdade que fiquei metida a intelectual e admirava esses boçais "detentores" do conhecimento [registrando que nem todos, tá?] e lutava e imaginava que o mundo poderia ser mudado se eu fizesse minha parte)
Nunca gostei de gente responsável demais, que não tem leveza, que não consegue perceber que todos erram sim e que não podemos (e não devemos) ser perfeitos demais o tempo todo.
Nunca gostei de coisas previsíveis demais, certinhas demais simplesmente porque tudo isso pode tirar a suavidade do ser e das coisas.
Então, a situação é: perdi essa suavidade!
Não sei aonde foi que perdi, não sei quando foi que deixei isso acontecer e nem percebi.
Agora estou brava comigo mesma: Como não percebi? Como deixei isso acontecer?
Não sei e não vou entrar em muitos detalhes senão vira livro, mas deixa eu explicar a parte de não ser culpa minha:
Sou chefe! Sou mãe! Sou adulta! Sou esposa! Sou pessoa conhecida porque tenho meu negócio próprio! Sou vista! Sou analisada! Sou medida! Sou cobrada! E esperam de mim, muito de mim o tempo todo! E eu também! Até eu estou fazendo isso comigo!
Poxa vida, e quem disse que tenho que ser princesa o tempo todo?
Ah, estou cansada de dar ordens repetidamente (sobre coisas que na minha opinião uma vez bastaria), estou cansada de ver se fizeram o que deveriam fazer, estou cansada de ter que ter boa memória para lembrar quase todos de quase tudo...
Não espero pessoas que critiquei acima (séria demais, responsável demais, etc), mas um pouco mais observadoras e cooperativas o tempo todo.
Como chefe, acredito que se algo foi pedido, deve ser feito sem precisar ficar quase implorando para ser feito (registrando que nem todos o tempo todo). Basta falar uma vez, pedir uma vez! Pelo menos, era assim que eu procurava agir quando era apenas funcionária. (Será que é por isso que cheguei à posição que estou hoje?)
E essa repetição está tirando minha leveza profissional. Estou ficando de saco cheio!
Com relação a lidar com o público...bem, só quem lida sabe o quanto é difícil. Sempre haverá alguém que gosta e aprova e sempre haverá alguém que não gosta e não aprova (e com relação à mesma coisa). Mas a chave de tudo é a maneira que esse público lida com isso. Há pessoas que nos fazem crescer (e muito) e outras que não fazem querer largar tudo. E há ainda as outras que não nos dão o voto de confiança de conversar e falam pelas costas. (bem, isso em qualquer área da vida: pessoal ou profissional). Outro ponto negativo: hoje em dia todo mundo acredita entender de tudo e apontam dedos antes de tentar entender o problema como um todo ou a situação.
Fora isso, quem não fica mais séria quando se é mãe? Não digo séria de não sorrir e ser feliz, mas de encarar a vida com outros olhos. Preocupações antes tolas se tornam cruciais. Vivemos com os dois olhos sempre abertos e o tempo todo (isso mesmo, esa redundância é necessária para me fazer mais clara). Não vou descorrer sobre essas preocupações porque quem é mãe ou pai já sabe e quem não é, bem, pode decidir que nunca terá filhos (o que vai privá-los de coisas maravilhosas também).
Fora que com a idade, a preocupação com a saúde, com o eminente aumento de peso, com as eventuais rugas que já estão quase chegando, se tornam fato e não mais lenda como eram antes. E constatar isso, ai que estranho! (eu tenho a idade de quando eu era adolescente e via alguém com essa idade, eu achava a pessoa tão, tão velha, mas voilá...a constatação tardia: elas não eram!Eu não sou!)
Vocês podem estar achando que posso estar na menopausa (ouvi dizer que é como estar na TPM o tempo todo). Não, não estou! E ainda vai demorar muito. Mas essa rebeldia tardia tem motivos sim. Não deveriam ter me dominado, mas aconteceu!
Cadê o tempo para mim? Cadê a leveza de minha vida? Cadê a menina sonhadora? Cadê a mulher que gostava e acreditava no ser humano? Cadê a pessoa que ria o tempo todo, que achava graça de tanta coisa? Cadê aquela que nunca era negativa? Cadê aquela que gostava de enxergar e ouvir com o coração tudo e todos?
Ela está em algum lugar aqui dentro ou ficou no meio do caminho?
Ah, e tem o marido que ama esportes, ama assistir, praticar e jogar. Hoje sábado, dia 7 de novembro, ele está viajando para jogar. Isso significa que ontem cheguei cansada, quase acabada de uma semana cheia e difícil no serviço e nossas menininhas estavam lindas e animadas e dispostas como se fosse férias o tempo todo (aliás, é recreio ou férias o tempo todo no mundo cor-de-rosa de nossas menininhas). E ainda bem que tenho meu pai que pode dar uma ajuda senão eu teria saído correndo ontem depois de pedir 1000 vezes para a mais velha de 3 aninhos não pegar a mais nova, não apertar a mais nova, não tirar o brinquedo da mais nova, não morder, não correr atrás do gato para apertá-lo, não subir em tudo e qualquer coisa alta e perigosa, não fugir de mim na hora de tomar banho e não me obrigar a assistir com ela qualquer coisa do Discovery Kids (Socorro, não aguento mais! Preciso um pouco de música de verdade o tempo todo). E não pensem que mais nova, a doce bebê de 1 aninho e 1 mês é só sorrisos, viu? Não, não é não!
Bem, quando estamos nós dois, eu e meu marido, as coisas ficam mais fáceis (não fáceis, m-a-i-s fáceis), mas ele precisa disso para ser feliz, para se sentir bem, para ser ele mesmo. Então, eu procuro entender, mas acontece que eu também preciso de certas coisas que não não estou podendo agora. (Aí, eu cobro, eu fico a chata)
Mas no mais está tudo bem!
Caramba, não estou infeliz (sou grata a tanta e muitas coisas em minha vida: meu marido, minhas meninas, meu pai, como eu e minha sócia lutamos para crescer profissionalmente, alguns poucos e bons amigos, minha saúde e de quem gosto, nossa futura ainda sonhada casa, etc, etc,etc), só estou chata e me tornando meio fria e indiferente e isto está me incomodando.
Pronto, falei! Coloquei para fora! Agora vamos buscar as soluções porque há de ter solução para eu não perder totalmente minha essência!
Estou com saudade dela! Ela sou eu! Estou com saudade de mim!
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