quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Coisas de Luciana: Nunca mais! 18/02/09


"Eu nunca mais vou ver minha mãe!"

Essa frase foi dita por uma tia minha quando ela perdeu sua mãe, minha avó. Essa frase me foi contada hoje por meu pai, à luz da lua, em frente à nossa casa, em meio ao embalo de nossa pequenina AJ, e em meio a lágrimas minhas pela ausência física de minha mãe. ...
Crenças à parte, esse desespero de não poder ver mais é real para quem perde alguém querido.

E quando menos percebemos temos dentro de nós aquela sensação e sentimento que desabrocha quando alguém querido vai viajar ou vai embora para longe. Aquela saudade, vontade e esperança de voltar a encontrar.

É difícil colocar o ponto final. É difícil racionalizar e dizer o que essa minha tia disse. É muito além do que consigo fazer. Posso até sentir isso, mas não consigo dizer em voz alta. Tenho ainda em meu coração a sensação de que foi uma separação momentânea, que ela está apenas viajando, e com aquela sensação de que vamos tê-la novamente conosco.

Dessa forma, é mais fácil sentir a ausência que dói, que arranha e que grita dentro da gente. Mas sei que não sinto tudo isso de forma consciente. Sei que é a forma que meu insconciente achou de me manter em pé porque por mais que sinta isso, sei que não será dessa forma. Sei que não vou tê-la aqui comigo, conosco participando de tudo em nossas vidas. .

Sei de tudo isso, mas ao mesmo tempo, ter essa sensação de esperança, aquela que sentimos quando temos alguém que está longe e que nunca vemos na vida real, em nosso dia-a-dia, nos torna mais fortes para superar a saudade. Só assim, a saudade não nos deixa orfãos de vez. Porque sem essa sensação falsa/verdadeira a vida sem quem perdemos seria um martírio diário.

E por favor, quando encontrarem alguém que tenha passado por isso recentemente e essa pessoa disser que parece que quem se foi está apenas viajando, diga com carinho que concorda, que entende (afinal quem já não sentiu saudade de alguém que está longe), estenda sua mão ou dê uma abraço. Só isso! Porque tirar essa falsa esperança é tirar aquele pingo de força que resta para tentar seguir adiante crente de que tudo isso passará, que um dia essa saudade que parece ser física, ficará apenas no coração.

Mãe, estou no portão esperando você voltar! E me trás um presente como sempre você me deu quando ia viajar?

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